Esquizofrenia da forma e do êxtase, 2017-2018

Este trabalho tem sua escala, se assim posso dizer, composta de três locais: o primeiro numa ação em dois pontos da América - e por isso continental. Depois, numa peça em espaço externo, instalada por um único dia (durante o equinócio de primavera), em um prédio da cidade de São Paulo, e por último, a realização deste processo, traduzido agora para a linguagem escultórica em espaço interno, numa série de esculturas realizadas para o prédio da Bienal de São Paulo.

A percepção de espaço expositivo aqui se caracteriza por um emaranhado de questões, muitas vezes díspares, esquizofrênicas até. A noção de espaço engloba a poesia e o desenho, nesse sentido; esculturas, objetos, fotografias, ações, coordenadas geográficas, ou mesmo deslocamentos, constroem uma trama, que não recorre só ao local imediato da obra instalada. A natureza deste espaço, não é puramente concreta; tem como base o senso poético. Sua referência não se baseia unicamente na dimensão métrica. Está carregada de percepções, significados, história, sentimentos, desejos, memórias. Um esforço se faz necessário por parte do observador. A obra requer tempo para que possa ser tateada e assim perceber a sua completa construção.   Neste trabalho o artista, foi a dois lugares na América: Anchorage, no Alasca, e Ushuaia, na Argentina - “o início e o fim” de duas cordilheiras que considera uma (a soma das Montanhas Rochosas e dos Andes); as vê, poeticamente, como uma coluna vertebral do globo terrestre. Nestes locais, escolhe a posição das duas partes da escultura que instala no prédio da 9 de julho. Nesse exagero de elementos articulados nasce uma noção de paisagem, uma ideia de espaço em que se mesclam; espaço natural, operações poéticas e espaço construído.