É um trabalho sobre o espaço. Seu processo assemelha-se aos livros de poesia moderna, nos quais desenhos ou gravuras criam uma relação entre texto e imagem. Nesse sentido, esculturas, desenhos, ações, fotografias, vídeos e deslocamentos ilustram um texto, formando uma outra noção de lugar que se submete ao próprio globo terrestre.
Como expressa seu título, o trabalho visa traduzir uma ideia de espaço, simultâneo, de construção poética, que amalgamam locais por meio do desenho e de ações semelhantes. Assim como em Grafite (1986), no qual posicionava a peça de acordo com o eixo do sol, deslocando a sua posição, de uma ideia composicional com o espaço imediato, para uma posição, a priori, perfeita do universo. Aqui também, o espaço criado remete constantemente a um lugar aqui e outro acolá, ou seja, uma espécie de aqui diverso.
As quatro obras que compõem o trabalho – 4 cantos, Verso, Um canto para onde não há canto e Trilha para 2 lugares e trilha para 2 lugares –, utilizam o espaço em sua estrutura mais simples: o canto, o verso, o centro e a direção. A esses elementos soma-se a observação multifacetada do nosso entorno atual. Existe hoje um entrecruzamento de fatores físicos e não físicos, acoplados a esse entorno tridimensional, fatores como: informações, significados, história, hierarquia, tempo, etc.. O nosso espaço atual, pelo menos em arte, não é mais tão limpo. Este trabalho (e seus a quatro atos), reúne ambientes externos e internos, mas seu interesse se encontra no duplo, no triplo, ou mesmo, nos vários significados criados no próprio sítio da exposição.